Terezinha critica polêmica no 4x100m: "Se fosse individual, Bolt correria só"
Velocista minimiza polêmica e valoriza conquista da prata pelo quarteto brasileiro.
A tentativa de Jerusa Geber de tentar obter na Justiça a vaga para o revezamento feminino 4x100m T11-13 não foi bem recebida pelas demais colegas de seleção. Terezinha Guilhermina, mais experiente do quarteto titular e responsável por cruzar a linha de chegada para a conquista da medalha de prata, ressaltou a importância dos treinamentos - dos quais Jerusa só teria participado de um devido a uma lesão.
- É fundamental (o treinamento para o revezamento). Eu estava apoiando as meninas como líder e dizia: “Essa é uma prova que ninguém ganha sozinho, a gente precisa entrar como um time”. Para ser time, tem de trabalhar junto. É uma medalha conquistada com 16 mãos e pernas. Precisa ter essa consciência de time. Treinamos em dois períodos para fazer o treino individual e o de revezamento para fazer o bastão correr. Falava: “Se o bastão chegar até mim, vou correr para fazer o meu melhor”. Somos um time. Não tem como não correr como um time. A Jamaica não precisaria trazer os outros três se não fosse um time, o Usain Bolt correria sozinho. É time.
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Jerusa alegava ter marcas melhores do que as concorrentes e diz ter ficado sem a vaga por questões políticas. Terezinha Guilhermina, Lorena Spoladore, Alice Corrêa e Thalita Vitória foram as escolhidas para defender o Brasil, que conquistou a medalha de prata com 47s57, novo recorde das Américas - a China, a grande favorita ao ouro, foi campeã com 47s18, novo recorde mundial.Jerusa chegou ao Rio com a melhor marca do Brasil na temporada para os 100m da classe T11 (atletas cegos), mas ficou atrás de Terezinha nas eliminatórias e na semifinal (12s10 contra 12s23, e só a multimedalhista avançou à final). O tempo de Jerusa, no entanto, era mais forte que o de Lorena, com 12s38 - Thalita tem como especialidade os 400m, e Alice é atleta da classe T12.
A preparação do revezamento foi feita no Centro de Treinamento de São Paulo. Seis atletas foram convocadas para os treinamentos - além de todas já citadas, Silvânia Costa, recordista mundial do salto em distância, completava o grupo. Já no início das atividades Jerusa teria preferido se poupar.
- Ela abriu mão do revezamento para focar nas provas individuais dela, porque estava machucada, então ela só treinou com a gente uma vez o revezamento. Fizemos duas semanas de treino, em dois períodos. Isso não nos afetou em nada, porque estávamos muito focadas. Já saímos de São Paulo com a definição do revezamento. O Fábio, que é o nosso treinador, falou que só iria mudar o revezamento em caso de lesão. Ninguém se machucou, então não mudou - disse Alice Corrêa.Lorena Spoladore, única atleta do revezamento com tempo inferior ao de Jerusa nos 100m, ficou satisfeita pelo Comitê Paralímpico Brasileiro (CPB) ter minimizado a questão e ter tentado blindar o grupo, dentro do possível.
- O Comitê tem a posição certa de não afetar as atletas. Ficamos sabendo de maneira superficial. Mantemos nosso foco, porque a equipe estava fechada devido aos treinos. Deu certo, e a medalha veio.